quinta-feira, 12 de agosto de 2010

fantasmas 27#

tenho visto através do zumbido, pelo trato complicado entre mim e a nuvem.
tenho visto onde todos caem
tenho arremessado frutas podres pela janela
da culpa e da louca
tenho visto a transformação dos sucos nos potes vazios
parece que não há
(e não há)
nada lá
mas deveria estar.
Pelo invólucro do nome
ou pelo H
ou pelo totem
ou por constar.

companheiros do barco,
há nada
onde deveríamos estar.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

nossas trilhas se confundem,
mas o toque da pólvora não.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

O fantasma do canto esquerdo

esqueça tudo o que voce ouviu dizer sobre mim
e tente
fazer um lenço com o que sobrar;
essa sou desejando o teu canto esquerdo
como se fosse deus
me faltando no ar.

o fantasma das certidões


ao não servirem,
os nomes
vaiam
a minha fome.
os sem-céu
se listam,
e me chamam
de beleléu
(já os tetos se empilham:
uns
sobre os outros rostos -
uns
sobre os touros
dourados
chovendo
de lado.)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Fantasma de pés descalços no escuro


para dormir, leio até que os meus olhos fechem
e a luz permaneça acesa
brilhando
do lado de cá.

lá onde eu sonho, nunca temo - apocalipse, dança demente, estio ou Caverá -
lá onde eu sonho, nunca me perco - tateando o escuro pelo cheiro, pelos beiços
nem pelo avesso
nem com azar
lá de onde eu sonho
sempre dá pra voltar.

mas aqui, tenho medo de pés descalços em escuro de chão de vidro.
tenho medo de tudo o que eu quebrei por dentro
e não dá nem pra ajuntar.
mantenho a luz já que não aprendi a me calçar.

O fantasma das costas


Banho no calor dos outros,
espectro do ouro de tolo.
Procuro te dar um rosto ali onde perdemos o rumo.
Sabemos melhor do que não falamos,
sabemos melhor das costas que damos ao espírito do Último Outono
com manhã estrelar.
Sabemos quietinhos pelos pés:
chorando de frente
sem rosto
a nos conter
sem

nenhum na corda
só a carne no sul.
E não era nada, não era nada
só um cortejo
pra entregar que sabemos nos cuidar.
Em mim, em ti,
germanicamente selados
sabemos nos cuidar.
O fantasma das costas é uma faca de confiar.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

sobre voce

começa a chover quando o dia acaba
-abacaxi
nos dedos de quem ouviu o calor e saiu quase descalço
- nu
dos joelhos pra baixo.
mas as crianças não temem e só gritam de lado
-oléoléolá,
benvinda essa chuva chegar.

penso em voce - e conheci por um dia
mas eramos quase a mesma guria
no jeito de crer
em sofrimento,
e sobreviver a si
como casamento.

eu nunca mais te vi, acho que dá azar andar com o espelho

e agora/
tem quem vai/
chorar-
dizer/
que vc/
não devia
ir,
embora
ir,
seja só
sobre vc.

(sobre mim
só a água
que sobe de ti)

chove sobre voce.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

quando eu prefiro
















prefiro quando voce não entende
mas captura
e tenta
mastiga e remoendo inventa
tira da boca e me devolve
uma estrela
feita de qualquer besteira.

prefiro quando voce não atende
nem percebe
que te procurei
mas tenta chegar comigo,
sem eira nem beira

prefiro quando voce não não encontra
o modo ou consulta
de escutar
o que eu boto e bato aqui dentro
mas circula amigo
na rotação de um provável fracasso
por dança.

quando eu prefiro,
voce.