terça-feira, 25 de agosto de 2009

senti duas mãos tocando meu rosto e espaçando minhas pálpebras, não sei se para abrir meus olhos, não sei se pra espiar aqui dentro.
as mãos eram pequenas demais para serem tão duras.
as mãos eram pequenas demais e duras demais, e na verdade ele não me tocava, mas olhava de um jeito que parecia estar pegando toda a minha realidade.
fingi minhas córneas em lagos - debaixo da água vinha a fundura e ainda mais lá embaixo a lama e depois da lama eu incendiava.
me perguntei se ele via que tinha fogo no fundo dágua.
ninguém disse nada.
ele não me pegava. eu não respirava.
as gotas de suor desciam pelas pernas. as formigas subiam pelas pernas e encontravam aquela água salgada rolando como choro da pele
que, realidade,
ele não pegava.

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